Unoesc na Comunidade promove palestra e atividades interativas para conscientização sobre qualidade da água


Unoesc na Comunidade promove palestra e atividades interativas para conscientização sobre qualidade da água

 

No dia 22 de março, em celebração ao Dia Mundial da Água, a Unoesc São Miguel do Oeste realizou um evento para a conscientização sobre a qualidade da água. Sob o tema "Água: fonte de vida ou de contaminantes? Desafios globais e soluções locais", a professora Dra. Eliandra Mirlei Rossi, Diretora de Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação da Unoesc, ministrou uma palestra para mais de 600 estudantes e professores da rede pública e particular de ensino da região.

A atividade, que faz parte do projeto Unoesc na Comunidade, teve como objetivo alertar os estudantes sobre a importância da água e os desafios enfrentados em relação à sua contaminação. A professora Eliandra, que também é doutora em Microbiologia Agrícola e do Ambiente, apresentou pesquisas na área e formas de prevenir a contaminação da água.

Após a palestra, foram realizadas atividades interativas, em que os participantes tiveram a oportunidade de observar amostras de águas contaminadas através de microscópios. Foram apresentados diversos contaminantes que são encontrados na água da região como: ovos de Ascaris Lumbricoides (lombriga), Taenia (solitária) e Salmonella, além de explicações sobre águas duras (presença de carbonato de cálcio e magnésio), água com ferro, água com cloretos e reflexões sobre a importância da análise de água.

— É importante que a população esteja ciente da necessidade de análise da água, pois, muitas vezes, a contaminação não é perceptível pelo gosto, cheiro ou cor. E lembrando de que águas contaminadas podem transmitir diversas doenças gastrointestinais — explica a profissional.

 

PESQUISAS

 

Nos últimos anos, a Unoesc São Miguel do Oeste, por meio projetos de pesquisa com estudantes dos Cursos de Farmácia e Biomedicina, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e Conselho Nacional de Pesquisas (CNPQ), está analisando a água de poços superficiais e profundos, conhecidos como poços artesianos, em propriedades rurais na região Extremo-Oeste catarinense. Os poços superficiais são as principais fontes de água na zona rural. No entanto, a perfuração de poços profundos tem aumentado muito nos últimos anos, pois há escassez de água em quantidade e qualidade em muitas propriedades agrícolas. Por outro lado, esses mananciais embora profundos também estão sujeitos a contaminações.

— Até o momento analisamos águas de 10 municípios e os resultados são preocupantes. Das amostras analisadas, 96% estão impróprias para o consumo humano, conforme os parâmetros microbiológicos estabelecidos na portaria GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021, do Ministério da Saúde — explica Eliandra.

A maioria das águas impróprias (90%) era de poços superficiais e as análises estatísticas revelam que a quantidade de coliformes encontrada nessas águas é significativamente maior, quando comparado com os poços profundos. Por outro lado, 59% dos poços profundos também apresentaram amostras impróprias para o consumo humano.

Os resultados também revelam que tanto os mananciais profundos quanto os superficiais oferecem níveis de risco aos consumidores, sendo que a maioria deles (39,4% dos profundos e 79,4% dos superficiais) apresenta riscos altos e muito alto conforme os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os resultados obtidos por meio de entrevistas com os consumidores demonstraram que a maioria (42,85%) dos poços está localizada no potreiro das propriedades e que diversos são os fatores que podem estar contribuindo para a contaminação das águas, como, por exemplo:  32,40% estão próximos de açudes, 22,22% próximos de estrebarias e 19,44% próximos de pocilgas.  Além disso, outros fatores foram observados, como 3,70% dos mananciais possuíam fossa séptica na sua proximidade e 2,77% fossa negra.

Além disso, os resultados em relação à proteção demonstraram que 87,66% possuem fatores de proteção, porém, a maioria (90%) deles o fator de proteção não era suficiente para conter a contaminação.

Os resultados permitem concluir que, das análises realizadas (microbiológicas e físico-químicas), o principal problema encontrado nos poços da região avaliados é a contaminação microbiológica e o consumo dessas águas pode causar diversas doenças gastrointestinais, como: Amebíase, Giardíase, Ascaridíase, Rotaviroses, Hepatite A, Salmonelose, todas com sintomas clínicos semelhantes, que são: dores abdominais, diarreias, vômitos e em alguns casos febre.

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